A Uneafro Brasil volta às salas de aula no início do mês de março de 2022, oferecendo gratuitamente aulas presenciais em diversos núcleos que estão localizados nos territórios periféricos de São Paulo e Rio de Janeiro, e também online, por meio do Núcleo Virtual. Ao todo, são mais de 1800 vagas direcionadas a jovens negras e negros, indígenas, quilombolas e moradores das periferias. 

No próximo sábado, dia 5 de março, os cursinhos populares dos núcleos da capital paulista Rosa Parks, em São Mateus; Quilombaque, em Perus; Camisa Verde e Branco, na Barra Funda; e 11 de Agosto, na cidade de Poá, abrem as portas para os estudantes. Já o Núcleo Marielle Franco, antes de iniciar as aulas, realiza, neste final de semana, uma formação especial para professores. 

No decorrer do mês, as aulas começam nos núcleos Ocupação 9 de Julho MSTC, no centro de São Paulo; Cleber Criolo, em Guarulhos; Negra Visão, em Atibaia; Yabás, em Jacareí; Conceição Evaristo, em Bebedouro; e Bom Pastor, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Já a programação do Núcleo Virtual tem início em 21 de março e o processo de inscrições fica aberto permanentemente.

Uneafro ajuda a juventude negra a agir e se localizar na história

Para Jéssica Ferreira, da Coordenação do Escritório Central da Uneafro Brasil, o cursinho pré-vestibular popular possibilita o acesso à educação de quem nunca pôde ocupar o espaço universitário. “O grande objetivo dos cursinhos pré-vestibulares é ser uma ponte para a universidade, a Uneafro Brasil tem um diferencial que é também um espaço, um movimento que dá vazão para que os jovens pretos e periféricos se reconheçam na história”, pontua. 

Para além de saber o que vai cair no Enem e outros vestibulares e ter acompanhamento pedagógico, os alunos e alunas ainda ficam por dentro do que acontece no Brasil e no mundo com aulas de atualidades, história da África, Direitos Sociais e Humanos, essas com o foco em introduzir discussões que os afetam cotidianamente, e ainda têm acompanhamento psicológico. 

Ao longo de seus 13 anos de história, o movimento atendeu mais de 15 mil pessoas presencialmente nos cursinhos comunitários. Nos últimos dois anos, com a chegada da covid-19, as atividades educacionais presenciais foram adiadas. O Núcleo Virtual passou a desempenhar o papel fundamental de oferecer a alunos e alunas um espaço de acolhimento e acompanhamento pedagógico online, organizado por mais de 20 professores voluntários. 

Os desafios dos cortes na educação

“Os desafios de incidir pela juventude negra nas universidades continuam no ano de 2022 e é a permanência dessas pessoas nesses espaços, em meio a vários cortes de verbas para a educação, que a luta da Uneafro se mantém”, reflete Jéssica. Em outubro de 2021, o governo federal anunciou o remanejamento de 87% da verba para o Ministério da Ciência e Tecnologia. O corte foi de R$ 690 milhões para R$ 89 milhões de investimento na ciência.

Em 2005, ano em que foram implementadas ações afirmativas voltadas para acelerar o ingresso de jovens negros nas universidades, como a lei de cotas, apenas 5,5% dos jovens pretos e pardos em idade universitária frequentavam o ensino superior. Em 2015, esse número subiu para 12,8%. Por outro lado, 53,2% dos negros em idade para cursar o ensino superior estão cursando o ensino médio ou fundamental, em comparação ao percentual de 29,1% dos brancos. Os dados são da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais – uma análise das condições de vida da população brasileira de 2015. 

Pular para o conteúdo