A UNEafro Brasil, o Instituto de Referência Negra Peregum, a Agência Alma Preta Jornalismo e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizam, neste sábado (02/03), das 9h às 17h, o seminário internacional “Reparação Histórica e Solidariedade na Diáspora Negra”. O evento oferecerá certificado e será realizado no auditório da Reitoria da Unifesp, localizado na rua Sena Madureira, 1500, em São Paulo. As inscrições para o evento estão encerradas com todas as vagas preenchidas para os 2 períodos, manhã e tarde.
As temáticas abordadas na atividade, que também tem o apoio do Ministério Público Federal (MPF), serão a reparação histórica para a população negra brasileira a partir do caso do Banco do Brasil como a ponta do Iceberg e a solidariedade e fortalecimento de redes diaspóricas na luta contra o capitalismo racial
Entre os principais pontos da formação, organizações da sociedade civil, movimentos, entidades e coletivos poderão apresentar por escrito suas manifestações sobre o inquérito que apura a responsabilidade do Banco do Brasil na escravidão no Brasil. Na ocasião, o procurador do MPF, Júlio José Araújo Junior, receberá propostas de formas de reparação a serem adotadas pela instituição financeira.
Da mesma forma, a discussão da solidariedade na diáspora será destaque no evento. “A agenda de fortalecimento das redes diaspóricas é uma necessidade em todos os países que sofreram com a escravidão, com o colonialismo e que, não por acaso, são países de maioria negra. Por isso estarão presentes no Seminário lideranças do movimento negro também dos Estados Unidos, da África do Sul e do Panamá”, explica Douglas Belchior, da UNEafro Brasil.
Este seminário busca iniciar uma série de oportunidades para líderes, acadêmicos e ativistas compartilharem perspectivas relacionadas à implementação de políticas de reparação histórica, incluindo experiências de países diversos; busca articular possibilidades de mobilização financeira, técnicas e humanas para apoiar iniciativas de reparação histórica no Brasil e em outros países; servir como uma plataforma para pressionar os governos e instituições a colocarem o tema sobre reparação histórica na ordem do dia do debate público nacional; e fortalecer redes e parcerias entre organizações, ativistas e acadêmicos que trabalham na área de direitos humanos, justiça racial e reparação histórica. O estabelecimento de conexões duradouras pode ampliar o impacto das iniciativas e facilitar a colaboração em projetos futuros.
A história do Brasil é marcada por mais de três séculos de escravidão, um período que deixou profundas cicatrizes na sociedade brasileira e mantém um impacto duradouro na vida da população negra. Ao longo desses séculos, milhões de africanos foram brutalmente arrancados de suas terras e forçados a viver em condições desumanas, privados de liberdade, dignidade e direitos básicos. Esse legado de escravidão não apenas moldou as estruturas sociais, políticas e econômicas do Brasil, mas também perpetuou desigualdades profundas e persistentes que ainda são evidentes hoje.
Historiadores e movimentos negros têm destacado a importância das políticas de reparação histórica como uma forma de enfrentar as injustiças acumuladas ao longo dos séculos de escravidão e discriminação racial. O Movimento Negro, em sua diversidade, defende múltiplas políticas que reconheçam e compensem os danos causados à população negra ao longo da história do Brasil. Políticas de reparação não se limitam a compensações financeiras, mas envolvem medidas abrangentes para combater o racismo estrutural, promover a igualdade de oportunidades e garantir o acesso a direitos básicos, como educação, saúde e moradia.
Participam do evento:
Beatriz Lourenço – diretora de Incidência Política do Instituto de Referência Negra Peregum;
Diva Moreira – jornalista e cientista política;
Dmitri Holtzman – pesquisador sênior da Race Forward, África do Sul;
Douglas Belchior – UNEafro Brasil;
Elaine Mineiro – vereadora da Cidade de São Paulo, mandato Quilombo Periférico;
Ellen Lima Souza – pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas da Unifesp;
Flávia Rios – diretora do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF/UFF) e professora adjunta da Universidade Federal Fluminense (UFF);
Hélio Santos – doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia;
Ivone Silva – presidenta do Instituto Lula e vice-presidenta da CUT-SP;
Janvieve Williams Comrie – diretora executiva da AfroResistance, do Panamá;
Júlio José Araújo Júnior – procurador do Ministério Público Federal;
Karl Kumodzi – diretor adjunto da Blackbird, Estados Unidos;
Michel França – coordenador do Núcleo de Estudos Raciais do Insper;
Natalie Jeffers – diretora do Matters of the Earth, dos Estados Unidos;
Neiva Ribeiro – presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo;
Pai Sidnei Nogueira – babalorixá da Casa de Xangô;
Pedro Borges – jornalista fundador da Agência Alma Preta;
Phumi Mtetwa – diretora regional da Just Associates, da África do Sul;
Railda Alves – Associação de Amigos/as e Familiares de Presos/as (Amparar);
Regina Lúcia – coordenadora de Formação do Movimento Negro Unificado (MNU) – SP;
Selma Dealdina – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq);
Simone Nascimento – codeputada estadual de São Paulo, mandato Bancada Feminista;
Thenjiwe McHarris – cofundadora e ex-codiretora da Blackbird, Estados Unidos;
Vanessa Nascimento – diretora executiva do Instituto de Referência Negra Peregum.