Em 2020, Uneafro Brasil contribuiu para que mais de 1.500 alunos continuassem estudando no formato à distância

A Uneafro Brasil (União de Núcleos de Educação Popular para negros e classe Trabalhadora) está com inscrições abertas para seu curso comunitário e popular pré-vestibular. São 1.800 vagas para jovens negros, negras e da periferia de São Paulo e Rio de Janeiro. Estudantes de todo o Brasil podem se inscrever na modalidade virtual. Mais informações e inscrições em www.uneafrobrasil.org.  

Baseado no conceito da educação popular, a Uneafro Brasil é um movimento de cursinhos comunitários, de luta antirracista, antimachista, anti lgbtfóbica e de lutas por direitos sociais coletivos. É um movimento social e popular que tem no povo o verdadeiro protagonismo. Organizada em mais de 39 núcleos, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a organização possui um trabalho educacional de base e de formação política direcionados às comunidades periféricas urbanas. 

Ao longo de 12 anos, os núcleos atenderam mais de 15 mil pessoas presencialmente nos cursinhos comunitários. Nos últimos dois anos, com a chegada da Covid-19, as atividades educacionais presenciais foram adiadas. O Núcleo Virtual passou a desempenhar o papel fundamental de oferecer a 1.500 alunos e alunas um espaço de acolhimento e acompanhamento pedagógico online, organizado por mais de 20 professores voluntários. Essa iniciativa é o que deu condições para a continuidade dos estudos desses jovens em casa e em segurança, mostrando a todos e todas como não foram esquecidos – pelo menos pelo movimento negro – e que podem competir, de alguma forma, ao ingresso a universidades.   

Formada por jovens, a Uneafro Brasil caminha ao lado da liderança do Movimento Negro brasileiro. Liderada por mulheres, possibilita o acesso à universidade para pessoas negras, LGBTQIA+, indígenas, refugiados e àqueles que lutam pelo por moradias, vivendo em ocupações. Com isso, os núcleos do movimento estão localizados em escolas, mas também contam com o apoio de comunidades culturais, religiosas, movimentos de moradia, entre outros territórios. 

O trabalho da Uneafro Brasil é realizado graças à atuação de 128 coordenadores e 224 professores voluntários, totalizando 352 pessoas, além de 19 profissionais dedicados em tempo integral ao trabalho no movimento. 

“Imagina pegar uma lousa, carteiras e ir para as praças da República ou Sé e ali fazer uma aula! Assim eram as nossas salas de aula. Nossas salas são diversas, estão em vários territórios, não somos um curso convencional, pois não concorremos apenas ao vestibular, a gente pensa em mudar a história dos nossos e nossas. Ver onde chegamos com essa construção do movimento e luta em prol de jovens pretos e pretas a ingressar na universidade, é muito emocionante”, afirma Vanessa Nascimento, uma das fundadoras da Uneafro Brasil.

Já o trabalho de formação política do movimento já possibilitou o acesso de jovens e lideranças periféricas a diversos espaços institucionais. Exemplo disso, em 2020, foi a eleição da Mandata Quilombo Periférico, para verear em São Paulo, formada por seis lideranças forjadas no movimento negro e periférico, pessoas comprometidas com as causas sociais. Já em 2021, Phelipe Nunes e Stephanie Felicio, de 18 e 21 anos, respectivamente, foram eleitos conselheiros da Juventude Negra da cidade de São Paulo. A Uneafro possui ainda um coletivo de Juventude Negra, protagonizado pelos próprios jovens que discutem sobre suas demandas e papel dentro do Movimento Negro. 

O movimento ainda conta com os núcleos Ambiental e Obará que tratam, respectivamente, de questões relacionadas ao impacto das mudanças climáticas na população negra e periférica e também no cuidado com a saúde mental de militantes do movimento negro. 

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