No início da 1ª Jornada Pela Equidade Racial na Educação, mais de 150 estudantes, professores, voluntários e militantes da Uneafro Brasil e Rede Ubuntu, a juventude, em sua maioria, de diversas periferias de São Paulo e Rio de Janeiro, estiveram no Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, para um encontro com a ministra Marina Silva.

A atividade do dia 28 de junho de 2023 abre caminhos para incluir o combate ao racismo ambiental na prática dos ministérios e garantir o fortalecimento de núcleos de educação popular do movimento negro como fundamentais nesse processo. A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a Secretária da Mudança do Clima, Ana Toni, e o Diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Marcos Sorrentino, também estavam presentes no encontro e puderam ouvir relatos de jovens estudantes da Uneafro sobre a percepção do racismo ambiental sofridos cotidianamente, além de receberem uma proposta de um programa de construção da política pública de “Educação Popular Ambiental Antirracista”, que também foi entregue a outros ministérios.

“Com essa síntese, apresentamos a urgência da atuação dos ministérios para garantir fomento e fortalecimento dos núcleos da Uneafro Brasil para formação popular ambiental antirracista, na construção de processos de forma capilarizada nos territórios, com incidência do local ao global e desenvolvimento de ferramentas, ações e reflexões para o enfrentamento das mudanças climáticas, colocando o racismo ambiental de forma transversal na diversidade de espaços, debates e atuações, o que é essencial na construção de territórios sustentáveis. Colocamos isso a partir da experiência de nossos mais de 30 núcleos que fazem diariamente trabalho de base e com a juventude”, comenta Aline Guarizo, gestora ambiental e militante da Uneafro Brasil.

“Eu e cerca das 300 famílias que vivem onde eu moro somos vítimas recorrentes do racismo ambiental. De onde a gente vem, é costume temer a temporada de chuva. Há dois anos, a defesa civil disse para mim e minha família que deveríamos sair da casa onde residimos por ser uma área de risco, uma área em que, a qualquer momento, o teto poderia desabar sobre nós. Essa é uma realidade que afeta 99% da juventude que está aqui e que também vem das periferias como eu”, relatou Matheus Emiliano, 23 anos, integrante da coordenação do Núcleo 11 de Agosto da Uneafro Brasil e morador da periferia de Poá, Grande São Paulo.

Em seu momento de fala, a Ministra Marina Silva relembrou sua história, em parte muito conectada com as histórias da juventude negra e indígena dos cursinhos e reconhece a importância desse diálogo com os movimentos sociais e de juventude. “A gente vive um mundo desigual e essa desigualdade tem nome, endereço, telefone e cor da pele. A maioria dos problemas recai sobre o povo preto, o povo indígena, sobre o povo pobre. É claro que, para mudar, a gente tem que mudar as estruturas, por isso, os movimentos que aqui estão fazem a diferença”.

A 1ª Jornada Pela Equidade Racial na Educação foi realizada entre os dias 28 e 30 de junho de 2023, com uma comitiva de mais de 150 pessoas, entre professores, voluntários, militantes e, sobretudo, estudantes de 26 dos 30 núcleos de educação popular da Uneafro Brasil, no Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), e fez uma agenda histórica com representantes do Ministério da Educação, Ministério do Meio Ambiente, Palácio do Planalto e Congresso Nacional para dialogar sobre as pautas do movimento negro em defesa da educação.

 

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