A Uneafro Brasil denuncia às autoridades competentes o atentado que a covereadora da mandata coletiva Quilombo Periférico e militante da organização, Samara Sosthenes, sofreu na madrugada do dia 31 de janeiro de 2021. Segundo testemunhas, um homem atirou para o alto com uma arma de fogo na frente da casa onde Samara estava com sua mãe. A denúncia feita aponta a motivação transfóbica da intimidação. 

Esse é o terceiro ataque destinado a vereadoras negras e trans na cidade de São Paulo só na última semana. Em 26 de janeiro, a covereadora da Bancada Feminista, Carolina Iara, teve sua casa alvejada a tiros e, no dia seguinte, a vereadora Erika Hilton registrou um boletim de ocorrência após ser ameaçada e perseguida dentro da Câmara Municipal.

A violência sofrida por elas é sistêmica e, não por acaso, ataca corpos de mulheres negras, trans, moradoras da periferia e que tiveram êxito ao conquistar um espaço de representação na política. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), São Paulo foi o estado que mais matou travestis e transexuais em 2019 no Brasil. Além disso, a transfobia que não mora somente nos discursos, mas nas práticas de exclusão e silenciamento de muitas autoridades brasileiras, mostra como a presença dessas pessoas em espaços de poder afronta seus privilégios.

Apesar desses ataques possivelmente conexos, a Câmara Municipal negou a concessão de proteção institucional às covereadoras, não atendendo à solicitação para que elas tivessem um serviço de segurança à sua integridade física.

É urgente que o Estado se responsabilize pelas vidas negras e trans que estão em iminente risco no país e adote imediatamente medidas de proteção institucionais para que Samara, Carolina e Erika possam continuar seus trabalhos na Câmara e sigam suas vidas particulares em segurança.

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