NOTA OFICIAL DA UNEAFRO BRASIL SOBRE A CHACINA DO JACAREZINHO

A Favela do Jacarezinho amanheceu, no dia 06 de maio de 2021, invadida pelo mais letal ato de violência policial da história do Rio de Janeiro até hoje. Os tiros de policiais civis que começaram na madrugada, depois de 9 horas de ataques no local, assassinaram 29 pessoas, a maioria de jovens negros. Em um dos momentos mais graves da pandemia, o plano de extermínio promovido pelas autoridades brasileiras segue em curso. São 417 mil vidas perdidas pela COVID-19 no Brasil, 45 mil só no Rio, e o aumento da fome e da miséria nas periferias e favelas, resultado, sobretudo, da política de governo que promove o genocídio da população negra diariamente.

Os ataques às comunidades do estado do Rio de Janeiro, hoje comandados pelo governador Cláudio Castro, são sistemáticos e estão há muito tempo atingindo o povo preto e periférico, moradores e moradoras das favelas. Governadores são os responsáveis por autorizar os protocolos de abordagem em operações policiais. A operação na Favela do Jacarezinho resultou em dezenas de mortes, assim como em 1993, na Chacina de Vigário Geral, 21 vidas foram perdidas com a mesma dinâmica; em 2007, 19 pessoas foram executadas no Complexo do Alemão, e em 06 de maio de 2006, exatamente 15 anos antes do Rio de Janeiro viver o pior massacre da sua história, 546 pessoas foram mortas nos crimes de maio, em São Paulo.

É urgente destacar o caráter ilegal da operação da última quinta-feira, descumprindo a decisão do Superior Tribunal Federal que, por meio da ADPF 635 ou ADPF das Favelas, vedava esse tipo de operação policial nas favelas durante a pandemia.

A Uneafro Brasil se solidariza às famílias das vítimas, aos integrantes da nossa organização que atuam no território do Jacarezinho, apoiando permanentemente a população da região, e exige do Estado a investigação do caso, bem como a responsabilização desse crime hediondo que, mais uma vez, mira o alvo na vida e nos sonhos da juventude negra.

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