“Coisa de preto”. Por conta dessa frase racista – em que quis dizer que pessoas negras fazem atividades erradas -, dita em sessão virtual da Câmara Municipal de São Paulo, em maio de 2022, que o vereador Camilo Cristófaro (Avante) teve seu mandato cassado na noite de ontem (19). O pedido de cassação foi feito pela bancada do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo na Corregedoria da Casa. 

O vereador Marlon Luz (MDB) foi o relator do caso e deu parecer favorável à cassação do mandato do parlamentar por avaliar que houve quebra de decoro. Em sessão agitada, foram ao todo 47 votos pela cassação e 5 abstenções, ou seja, nenhum voto a favor do vereador. Além disso, militantes de diversos movimentos sociais, como a Uneafro Brasil, estiveram presentes no plenário da Câmara e no Viaduto Jacareí. 

“Se antes a gente não tinha conseguido esse respeito, que bom essa casa hoje pode ter a oportunidade de construir esse precedente para todas as casas legislativas desse país. Se conseguimos conquistar essa vitória hoje tem a ver com o que o movimento negro sempre fez na rua. É uma vitória histórica, pela primeira vez no Brasil um parlamentar foi cassado por racismo. E isso é vitória do movimento negro organizado”, afirmou ontem Elaine Mineiro, vereadora da mandata Quilombo Periférico que foi nomeada pela corregedoria da Câmara como relatora do caso, na época do ocorrido.

Vale destacar que, na Justiça, o caso foi arquivado. Em julho deste ano, o juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares, da 17ª Vara Criminal de São Paulo, tomou esta decisão ao considerar que a fala do vereador pode ser poderia ser considerada discriminatória, mas foi dita “sem a vontade de discriminar”. 

Fotos: Agência EBC e Thiago Fernandes

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