Comunicamos que o Nucleo Angela Davis da Uneafro, em decisão tomada coletivamente entre alunos e porfessores, achou por bem deixar de utilizar o espaço do Céu Sapopemba aos sábados para a realização de nosso cursinho comunitário.
Em que pese a boa recepção que tivemos de alguns funcionários que nos acolheram da melhor maneira que puderam, percebemos que se estabeleceu uma relação de desconfiança por parte da gestão dirigida aos nossos alunos e professores desde que houve o comunicado por parte desta de um roubo que teria acontecido nas instalações do Ceu.
A partir deste ocorrido, percebemos uma mudança de postura no sentido de supercontrolar nossos passos dentro da instituição, inclusive com insinuações de que a circulação de nossos alunos teria facilitado o roubo, entre outras atitudes como olhares e interpelações desconfiadas quando utilizávamos materiais emprestados e, até mesmo, a possibilidade de uma lista externa de nossos alunos, não discutida em comum acordo conosco, ferindo de forma grave nossa autonomia como núcleo comunitário.
Percebemos nestes fatos, a incompreensão destes funcionários acerca de como funciona o trabalho de um cursinho comunitário, já que nossos alunos muitas vezes são transitórios e nem sempre conseguem chegar ou ficar no cursinho nos horários em que a gestão entende serem os mais corretos, muitas vezes por terem outras rotinas de trabalho e problemas familiares para resolver, realidade essa típica de periferia.
Felizmente ao longo de quase 10 anos de funcionamento em vários espaços públicos de prefeitura, estado, associações comunitárias e igrejas, nós da Uneafro-Brasil mantivemos nossa autonomia e mesmo assim tivemos e temos relações harmoniosas e de confiança mútua nesses locais.
Em respeito aos nossos alunos e professores, buscaremos outro espaço onde possamos desenvolver melhor nossas atividades, sem a possibilidade de sermos acusados a qualquer momento de atos anormais que ocorram nele (pois percebemos que era isto que estava se desennhando), pelo simples fato de sermos um grupo comunitário composto e organizado por negras e negros e que não fazem parte das ações institucionais do Céu. Os indícios de racismo e preconceito com o trabalho que surge da comunidade afloram claramente dessas atitudes.
Esperamos que haja uma relfexão interna da gestão do Céu sobre esses fatos no sentindo de melhorarem sua relação com o que vem da comunidade e que façam autocritica de seu racismo, pois estamos em pleno século XXI, e precisamos ir além do sentimento de ofensa quando o racismo que é reproduzido no dia a dia em diversos espaços sociais é apontado por quem sofre na pele as consequencias dessa mal social estrututural no Brasil há mais de cinco séculos.
Núcleo Angela Davis Uneafro-Brasil