Por Débora Dias

 

No último 25 de julho foi o Dia Internacional da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha. Com a Praça da República tomada por mulheres negras, o sentimento que pairava no ar era o da ESPERANÇA! Os corpos negros mais violentados pelo Estado marchavam por uma uma nova lógica de vida. Marchavam pelo BEM VIVER!

marcha das mulheres negras

Direito à vida

Bem viver esse, que se torna grito de urgência. Nos últimos 10 anos, segundo o Atlas da Violência, mulheres negras são as maiores vítimas do feminicídio. Sendo que o crescimento de homicídios praticados contra essas foi de 47% , segundo a mesma pesquisa. Somos a que mais sofrem também com a violência policial. As mais negligenciadas no acesso à saúde, as com a mais baixa escolaridade. E, por conseguinte, as que estão ocupando principalmente os subempregos. Fora que toda a nossa autoestima foi completamente dilacerada por não pertencer a um padrão estético imposto pela branquitude, que nos assombra desde da infância e se arrasta até a vida adulta.

Como agravante, vivemos uma conjuntura que não nos favorece em nada. Podemos perceber isso pelo pacote “anticrime”, lançado pelo atual Ministro Sérgio Moro, que possui medidas que são quase uma licença direta para matar mulheres pretas. Além disso, a lei de terceirização e a atual proposta de reforma da previdência nos tiram e nos tirarão a possibilidade de transformação social e econômica. Com esse caos instaurado, não há sanidade mental que se mantenha. Nessas condições, a letra da rapper Tássia Reis que atesta “se fugirmos da pobreza não escapamos da depressão”, nunca se fez tão verdadeira.

Juntas somos mais fortes

Contudo, ver mulheres pretas e suas múltiplas naquela quinta noite revigorou meu ser! Escutar minhas mais velhas pretas e indígenas e as manas que dão continuidade nessa luta me deu força! Observar meninas pretinhas desfilando com suas trancinhas ou black power me deu mais força ainda! A atmosfera que se criou fez me acreditar verdadeiramente, que pode sim existir uma outra maneira de se viver. Uma maneira em que as mulheres pretas base da pirâmide social vão com sua força ancestral ressignificar toda essa lógica racista, machista, neoliberal e LGBTQIA+fóbica. Angela Davis, afirma que quando uma mulher negra se movimenta toda sociedade se movimenta com ela. E não há dúvidas disso. A Marcha das Mulheres Negras sacode a militância e todo resto da sociedade para jamais esquecer que não há como seguir em luta sem modificar esses terríveis dados acerca das mulheres negras.

Está claro que nosso pedido é para uma nova vida! Uma nova maneira de pensar e agir! Não tem como ignorar que esse sistema é falido e que ele nunca nos coube. Por isso, marchamos e continuamos com nossos trabalhos de base e com nossas ainda poucas mais significativas representações políticas como Erica Malunguinho e Leci Brandão em SP que somam forças com nossas irmãs de outros estados. Isso tudo para dizer que as pretas brasileiras (nascidas aqui ou não), que sustentam este país desde seus primórdios vão transformar tudo aquilo que a branquitude fascista que governa o Brasil chama de ordem e progresso!

 

POR NÓS , POR TODAS NÓS, PELO BEM VIVER!!!

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