Na semana do Grande Prêmio de Fórmula 1 do Brasil, a Mission 44 (Missão 44, em português), instituição fundada por Lewis Hamilton em 2021, esteve no Brasil. O projeto reuniu 60 estudantes da capital paulista com o heptacampeão no Autódromo de Interlagos e deve motivar mais visitas do piloto britânico ao Brasil.

“Há mais vindo da Mission 44 no Brasil. Foi muito importante para nós entender as barreiras que estudantes enfrentam, agora vamos voltar e decidir o que faremos. Ainda não sabemos em quais áreas, mas com certeza esperamos ter algum tipo de impacto aqui. E vocês vão nos ver mais por aqui – confirmou Stephanie Travers, que é vice-chefe de equipe da X44, time do heptacampeão na Extreme E, e diretora sênior de desenvolvimento na Mission 44.

A Mission 44 foi criada em julho de 2021 com o projeto Ignite, da Mercedes. Ambos desejam promover mais diversidade étnica e racial no automobilismo, e contribuir com a formação de jovens de origens minoritárias no esporte. Unidos, piloto e equipe investiram 20 milhões de libras na iniciativa, cerca de R$ 121 milhões.

O esforço antecedeu outra iniciativa do próprio Hamilton: a Comissão Hamilton, que analisou motivos para a falta de diversidade no automobilismo. O estudo em parceria com a Real Academia Britânica de Engenharia comprovou que só 1% de funcionários na F1 são não-brancos.

“Lewis esteve em nosso evento da Mission 44, na quinta-feira. Recebemos 60 estudantes de três organizações naquele dia, discutimos alguns desafios e barreiras que eles enfrentam e ele ficou movido por algumas coisas que (os estudantes) disseram, o quão apaixonados são pelas causas. Foi uma grande experiência para ele estar envolvido, mas também para nós na Mission 44 aprender sobre o Brasil e vir aqui antes de começar o trabalho – detalhou Travers.
Na quinta-feira que antecedeu o GP de São Paulo, jovens da Uneafro Brasil, do Centro Educacional Assistencial Profissionalizante (Ceap) e a Ação Educativa conheceram o paddock de Interlagos, conversaram com o próprio Hamilton e detalharam a realidade da juventude brasileira.
Logo que chegou ao Brasil, o piloto revelou sua intenção de trazer sua instituição ao país e apontou um prazo de dois anos para o estabelecimento de iniciativas voltadas, em especial, para estudantes. A organização confirmou ao ge que sua pretensão, desde o começo, era de atuar internacionalmente.

Números preocupam, mas motivam
A pesquisa Empregabilidade Jovem Brasil, direcionada pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil e divulgada em maio deste ano, traz dados sobre a juventude do Brasil: jovens de 14 a 24 anos representam mais da metade (55%) do número de desempregados no país. Destes, a maioria são mulheres e negros – pardos e pretos. Dos que não estudam, nem trabalham, 68% são negros.
Os dados também apontam que 56% dos jovens negros que trabalham, na verdade, têm ocupações informais. Ao todo, 86% da faixa etária possui “ocupações pouco desafiadoras”, ou seja, que não envolvem áreas técnicas, culturais, tecnológicas ou comunicacionais. O grupo também se caracteriza por, em sua maioria, não possuir ensino médio completo.

“Com essa expansão, vamos estar nos Estados Unidos, Brasil e África do Sul. E escolhemos o Brasil porque Lewis (Hamilton) tem uma presença enorme aqui, com o título de cidadão honorário. É um país incrível para estarmos envolvidos. Todos (os jovens) têm uma paixão por automobilismo, estão interessados nas carreiras científicas no esporte. E sobre as diferenças: cada estudante em cada país que visitamos enfrentam diversas barreiras e desafios para entrar no esporte. Os eventos que fizemos em Austin (no Texas, Estados Unidos) e São Paulo foram muito importantes para entender o cenário, os empecilhos que os estudantes aqui enfrentam, áreas de interesse, o que está no coração deles e o que eles defendem”, aponta Travers.

Reportagem do GE

 

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