Na manhã do dia 17 de junho, estudantes dos núcleos da UNEafro Brasil no Rio de Janeiro participaram de uma aula pública no Circuito da Pequena África e do Museu do Samba, no centro da cidade. A visita foi realizada com apoio do historiador Flávio Henrique Cardoso, do coletivo Negrociando a História, e apresentou o legado histórico do povo negro na região e sua contribuição para o Brasil.
Foram questionamentos, curiosidades e trocas valiosas trazidas pelos alunos dos Núcleos Casa Quilombel, PVP Mesquita, PVP Bom Pastor, PVP Margarida Alves, Ilé Ekó/UFF e Nica Jacarezinho, que iniciaram as visitas na Praça Mauá e passaram por pontos como a Pedra do Sal e o Cais do Valongo.
Para o historiador, reunir jovens para conhecer e vivenciar a ancestralidade africana na região é uma troca que nos fortalece como seres humanos. “É sobre a importância de sabermos a verdadeira história, aquela que foi negligenciada, escondida, apagada, que não está no retrato. O negro, mesmo com toda a violência que foi vítima, soube se reinventar, ressignificar e criar uma nova memória na novo continente.” pontuou Flávio.
Desde a descoberta do Sítio Arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, em 1996, até as obras de revitalização da Região Portuária, de 2012 a 2016, estudos e escavações arqueológicas trouxeram à tona a importância histórica e cultural desta área do Rio de Janeiro. Cada um dos achados arqueológicos proporcionou uma compreensão mais aprofundada do processo da Diáspora Africana e da formação da sociedade brasileira e motivaram a criação, através do Decreto Municipal nº 34.803 de 29 de novembro de 2011, do Grupo de Trabalho Curatorial do Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana, com o objetivo de desenvolver coletivamente políticas para valorizar a memória e proteger esse patrimônio cultural negro. “O intelecto negro, conjuntamente com os povos originários, foi o principal responsável pela construção da sociedade carioca e brasileira. Estudemos a história pelo avesso e jamais nos curvemos ao perigo de uma narrativa única” aponta Fábio.
A aula na rua terminou com uma visita ao Museu do Samba, espaço este que não só celebra os grandes mestres do samba, mas também oferece uma rica narrativa sobre a evolução do ritmo, desde suas raízes africanas até sua consolidação como símbolo de identidade nacional.
“Para nós da UNEafro Brasil é muito importante que nossos alunos tenham acesso à história do povo preto, que celebrem seus antepassados e, acima de tudo, se empoderem para suas próprias jornadas” afirmou a coordenadora do Núcleo UNEafro Quilombel, Vanessa Vicente. Ela observou ainda que a história do samba se conecta com as conquistas e lutas do povo negro e que “o Museu do Samba é um quilombo de resistência na manutenção de nossa principal identidade cultural”. finaliza.
Veja abaixo o circuito completo percorrido pelos alunos da UNEafro Brasil:
Circuito da Pequena África
- Praça Mauá
- Largo São Francisco da Prainha
- Pedra do Sal e Largo João da Bahiana
- Jardim Suspenso do Valongo – Casa da Tia Ciata – Largo do Depósito
- Cais do Valongo
- Docas André Rebouças
- Ladeira do Livramento
- Praça da Harmonia
- Instituto Pretos Novos (IPN)
- MUHCAB (Museu de História e Cultura Afro-brasileira)
- Museu do Samba