O projeto privatista do atual governo do estado de SP está de acordo com a educação bancária, aquela supostamente neutra, na qual os saberes negros e periféricos são inferiorizados em nome de uma visão educacional técnica baseada na universalidade branca. A elitização dos espaços educativos é vislumbrada aqui como consequência desse processo e prevê a expulsão da juventude negra e periférica desses espaços.
Os projetos políticos pedagógicos das escolas públicas deveriam abarcar todos os aspectos da escola, inclusive os de manutenção e construção dos edifícios. São políticas que trazem consequências drásticas como o acirramento das desigualdades educacionais na medida em que as camadas mais privilegiadas da sociedade serão atendidas enquanto grupos mais vulneráveis permanecerão excluídos do processo educacional em nome da meritocracia.
A entrega da gestão das obras e manutenção das unidades escolares é mais um passo no aprofundamento do descumprimento do direito fundamental à educação de adolescentes e jovens, sobretudo negros, no estado de São Paulo. Sabemos que a exemplo do que ocorre no Paraná é mais uma etapa da precarização da educação pública, que passou pela desvalorização da carreira docente e chegou à terceirização total da gestão escolar, descumprindo os preceitos de seu fundamento pedagógico e democrático presentes na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Um projeto de sociedade que supere o racismo passa obrigatoriamente por uma escola vinculada à sua comunidade na qual seja possível desenvolver livremente a crítica e capacidade de intervenção conforme as necessidades do povo negro e periférico!
Educadoras e Educadores da UNEafro Brasil