Na última terça-feira (25), o jovem Ricardo Lima da Silva se suicidou em meio ao racismo e negligência da Universidade de São Paulo (USP). Morador do Conjunto Residencial da USP – CRUSP,  Ricardo procurou ajuda por diversas vezes dentro da Universidade e o que ouviu foram comentários que negligenciaram a sua dor. 

O jovem sofria com o bullying dos colegas e com o racismo institucional, inclusive por parte dos docentes. Ele implorou por ajuda da instituição, mas não obteve retorno. Ricardo passou a acreditar que tinha que tirar sua vida para que as coisas mudassem na USP. 

Nenhuma atitude institucional foi tomada quando o estudante avisou que iria se suicidar nas escadas do próprio bloco estudantil, onde residia. Ricardo se pendurou no sexto andar, e amigos do jovem relataram que não houve nenhum movimento da Universidade para impedir a sua ação. 

Moradores do CRUSP relatam que um guarda da PPUSP e um profissional de segurança privada da Albatroz Segurança e Vigilância, ambos sem preparo, subiram no andar e ficaram esperando parados, não chamaram os bombeiros, não montaram uma operação, não deixaram uma ambulância preparada, nem avisaram a polícia militar que tem uma guarita a poucos metros do local.

Ricardo se jogou e, nesse momento, os guardas que estavam inertes saíram gritando, avisando que o jovem havia se jogado. Movimentações para tentar salvar o jovem partiram dos próprios estudantes e pessoas ao redor, que chamaram a ambulância, enquanto Ricardo tinha uma parada cardíaca no chão. A família do jovem recebeu apenas uma notificação de seu falecimento.

Estudantes da Universidade de São Paulo relatam a ausência de um plantão de atendimento psicológico que atenda 24 horas no CRUSP. A USP não lançou nota de pesar oficialmente e nem  mandou uma coroa de flores ontem enquanto o corpo era sepultado. 

A Uneafro Brasil se solidariza à família de Ricardo Lima e cobra responsabilidade da reitoria da Universidade de São Paulo sobre a ausência de medidas cabíveis para a pronta recuperação do jovem. Não é de hoje que a USP tem sua imagem ligada ao racismo institucional. Exigimos que essas práticas sejam abolidas tanto do seu corpo docente como dos próprios alunos que reproduzem o racismo dentro dos campi.

Jovens negros e da periferia constantemente relatam que são oprimidos pela política institucional da Universidade, pelo corpo docente, por colegas brancos e ricos e pela polícia dentro do espaço. O que Ricardo viveu foi negligência, não houve operação, não houve ajuda, faltou atendimento. #negligenciamata

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