Ana Beatriz Rodrigues Carvalho, de 18 anos, teve de fazer uma rifa para conseguir ir à premiação em Brasília
Descobrir asteroides, ser premiada pela Nasa, ganhar um prêmio por classificação de galáxias e ser considerada a melhor aluna de um curso de ondas gravitacionais do Instituto Internacional de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) parece até enredo de filme de ficção. Mas é a história de vida da paulistana Ana Beatriz Rodrigues Carvalho.
A jovem de 18 anos conquistou o prêmio de caçadora de asteroides de um programa da National Aeronautics and Space Administration, a Nasa, em novembro de 2022 após identificar nove corpos celestes, que agora estão sendo esmiuçados por pesquisadores da agência espacial norte-americana.
Apaixonada por “olhar o céu” desde pequena, a vestibulanda, que hoje concorre a uma vaga no Instituto de Física da USP, aproveitou o “tempo livre” da pandemia em 2020 para se dedicar aos estudos de física, descobrindo uma verdadeira paixão.
Incentivada por um professor de física durante o seu primeiro ano de ensino médio na Escola Técnica Estadual (Etec) de Sapopemba, a jovem passou a se dedicar aos estudos de ciência aplicada. “Ele me desafiava a descobrir órbitas, indicava cursos e cobrava os certificados de conclusão”, explica Ana, acrescentando que desde 2020 já fez 42 cursos relacionados a Astronomia, Física e Matemática.
Destes, Ana destaca o curso Física para Curiosos da Unicamp, brincando que depois de conquistar esse certificado tinha vontade de exibi-lo tamanha a dificuldade de conquistá-lo. “Sem dúvida foi o curso mais difícil que fiz”, explica.
O seu trabalho de asteroides com a Nasa começou de fato em abril de 2022, quando viu no Instagram publicações sobre o programa Caça Asteroides, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em conjunto com o International Astronomical Search Collaboration (IASC/Nasa Partner).
Interessada no programa, Ana descobriu que só poderia fazer inscrição se integrasse uma equipe. Para isso, começou a deixar comentários nas publicações de várias pessoas no Instagram pedindo para ingressar em um grupo – e acabou aceita em uma turma com outros nove estudantes do Maranhão, de Mato Grosso do Sul, Paraná e SP.
Ao descobrir que a premiação seria em Brasília, Ana teve de levantar dinheiro para receber o prêmio presencialmente, já que a família não teria como subsidiar a viagem. Ela criou uma rifa beneficente, sorteando uma cortina costurada pela madrinha, um livro e uma cesta de chocolates e conseguiu a quantia necessária para ir a Brasília em 29 de novembro. “Foi surreal. Na hora que me chamaram no palco, passou muita coisa na minha cabeça”, desabafa a jovem que também conquistou um prêmio de classificação de galáxias em dezembro de 2022.
Reprodução: Beaztriz Capirazi | Estadão