Para afastar a covid-19 cada vez mais das crianças e incentivar a vacinação, é preciso lutar contra as notícias falsas. É comum que em rodas de conversa ou em grupos de WhatsApp seja propagado, sem embasamento científico, que crianças não devem se vacinar porque não contraem o coronavírus ou porque vacinas não são seguras e comprovadas. Todas mentiras.
Desde o começo da pandemia, a doença já tirou a vida de mais de 1400 crianças no Brasil, segundo o Instituto Butantã e, em janeiro de 2022, o número de pessoas de 0 a 11 anos que tiveram suas vidas perdidas pela covid chegou a 29. As informações são do Ministério da Saúde que, recentemente, divulgou outro dado alarmante: apenas 43% das crianças entre 5 e 11 anos receberam a primeira dose da vacina.
A Fiocruz lançou uma nota técnica em fevereiro com essa preocupação. O texto diz que “a difusão de notícias falsas tem provocado resistência das famílias sobre a eficácia e segurança da imunização para essa faixa etária, mesmo que todas as evidências científicas disponíveis atualmente sejam favoráveis a essa medida. E o contexto não poderia ser mais preocupante: o retorno das atividades escolares presenciais”.
Como o direito à educação é garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, as crianças voltam às aulas presenciais em 2022 tendo tomado a vacina ou não, mas as que não foram imunizadas continuam correndo risco de contaminação e transmissão do vírus. “Ainda que em proporções de agravamento e óbitos inferiores aos visualizados em adultos, as crianças também adoecem por covid-19, são veículos de transmissão do vírus e podem desenvolver formas graves e até evoluírem para o óbito. Eventos adversos pós-vacinais são raros nas avaliações conduzidas e menos frequentes que o risco de complicações e óbito pela covid-19”, aponta a nota da Fiocruz.
Procurar dados e opiniões vindos de Institutos como o Butantã e a Fiocruz, que são referências em pesquisa científica no Brasil e receberam do Congresso Nacional o título de Patrimônio Nacional da Saúde Pública por sua contribuição à vida da população brasileira, são a melhor forma de conseguir informações seguras sobre a vacinação.
Além de ser referendada por grandes laboratórios, a comprovação da eficácia da vacina pode ser sentida nas estatísticas e nas ruas. Desde o início do período de imunização, o número de mortes e internações pelo coronavírus vem diminuindo. Em março, a média móvel de óbitos pela doença vem caindo desde o dia 11, sequencialmente.
Por isso, é fundamental desmistificar as notícias falsas que correm por muitos lugares sobre a covid-19, crianças e vacinas porque os imunizantes são a melhor forma de se evitar mortes e sequelas graves decorrentes das doenças imunopreveníveis, como o coronavírus. E também para outras doenças. Ainda segundo a nota da Fiocruz, “manter a atualização do calendário vacinal de crianças e adolescentes é indispensável para que estes possam se desenvolver em plenitude e, como tal, a incorporação da vacinação contra a covid-19 ao calendário do PNI (Programa Nacional de Imunização) é ferramenta importante no controle da pandemia”.