Especialistas dialogam às 13h da próxima sexta-feira, 11, no Instagram da iniciativa SETA, sobre o impacto do confronto armado na educação de milhares de crianças.
O Projeto Seta (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista) realiza, na próxima sexta-feira, 11, às 13h, a terceira edição do #SetaDebate, com o tema “Quais os impactos da Guerra às Drogas na educação no Brasil?”. O encontro acontecerá no Instagram do projeto (@setaprojeto) e tem como objetivo abordar a pesquisa “Tiros no Futuro”, do projeto Drogas: Quanto Custa Proibir (@drogas_quantocustaproibir), do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SME-RJ). O estudo revela como a escolha política do Estado pelo confronto armado mata o futuro de milhares de crianças da cidade do Rio de Janeiro.
Como ano-base 2019, a pesquisa mostrou que o cotidiano violento fez com que estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental tivessem a perda de um semestre em Língua Portuguesa e um ano letivo em Matemática. Das 1.577 escolas municipais do Rio, 1.154 foram afetadas por tiroteios com a presença de agentes de segurança. E apenas quatro escolas concentraram 95 tiroteios no entorno.
Para discutir o tema, Rachel Machado, Socióloga e Pesquisadora do Projeto Drogas: Quanto Custa Proibir e Adriana Moreira, Doutoranda em Educação e Desigualdades – FE-USP e integrante da Uneafro Brasil se reúnem à mediadora Midiã Noelle, Jornalista e Coordenadora de Comunicação do Seta.
“Viver em territórios demarcados pelas violências sistemáticas implica em instituições conformadas por esses sistemas de violações que, por sua vez, incidirão de modo singular na maneira como estão condicionadas a investir no desenvolvimento biopsicosocial das crianças e adolescentes atendidos nas escolas destes territórios. Isso significa dizer que, as escolas que estão localizadas em territórios vulnerabilizados pela violência da política do proibicionista que é racista, via de regra, do ponto de vista mais palpável, possuem elevados índices de evasão escolar, distorção idade-série e reprovação”, analisa Adriana.
A doutoranda completa: “Somado a isso, as crianças e adolescentes também são obrigadas a conviver com a ideia da morte prematura de seus colegas, amigos, primos e irmãos o que, nem sempre acaba sendo uma questão tematizada pelas unidades escolares e, assim, tende a apoiar o processo de normalização de homicídio de adolescentes/jovens negros denunciado há décadas pelo movimento negro brasileiro como sendo uma das estratégias mais perversas do Genocídio do Negro Brasileiro”.