Culturalmente, em janeiro, as pessoas são convidadas a refletir sobre suas vidas, criam planos e metas para o que farão durante o novo ano que chega. Mas, para muitos psicólogos, o mês de janeiro pode ser um importante aliado para os cuidados da saúde mental. Pensando nisso, organizações criaram a campanha “Janeiro em Branco”, com o objetivo de mobilizar a sociedade em prol da saúde mental e emocional da população.
Cátia Cipriano, coordenadora do Núcleo Obará, reforçou a importância do Janeiro em Branco. “Iniciar o ano consciente de que precisamos cuidar do corpo é algo que as pessoas fazem todo início de um novo ciclo, cuidar melhor da saúde física, como praticar esportes, melhorar a alimentação, ser mais saudável e ampliar o cuidado com sua mente é o principal, é uma maneira de começar o ano com um propósito mais elevado”, pontuou.
O Núcleo Obará da Uneafro Brasil surgiu em 2019 com o intuito de trazer os debates do autocuidado para os militantes do movimento negro. Hoje, tem como premissa o cuidado do corpo, mente e alma através da psicoterapia e da Política Nacional de Práticas de Saúde Integrativas e Complementares, utilizando recursos terapêuticos na prevenção de doenças e na recuperação da saúde e bem-estar. Oferecendo atendimento psicológico e holístico, com terapias como: reiki, radiestesia, leitura de tarot, leitura de mapa astral, massagem ayurvédica e terapia floral.
Uma publicação da Organização Pan-americana de Saúde da OMS, de novembro de 2021, mostrou o efeito devastador que a COVID-19 teve na saúde mental no continente americano. O relatório mostra que 4 em cada 10 brasileiros foram diagnosticados com ansiedade. “Muita gente adoeceu psiquicamente, ou piorou seu quadro de desequilíbrio emocional durante a pandemia, e o Núcleo tem sido um espaço importante para muitos de nós. Esse trabalho tem sido considerado um salva-vidas”, reforçou Cátia sobre a importância de levar autocuidado para dentro do movimento.
Ainda há uma resistência muito grande por parte da população em procurar atendimento especializado para tratar o tema, mas a principal questão é a falta de acesso de grande parte da população a esse tipo de serviço. Mesmo sendo oferecida no SUS, o atendimento psicológico tem filas de espera muito grandes devido à falta de investimento de recursos. Para Juliana, terapeuta do Núcleo Obará, o Núcleo tem conseguido conscientizar os militantes sobre a importância de cuidarem da mente. “Ainda é bem gradativo, mas consigo perceber maior preocupação dos jovens, porém, há uma movimentação de todes, seja por questões pessoais ou de colegas. Acredito também que o momento pandêmico despertou, junto à vinda do Obará, um olhar mais atencioso à saúde mental dentro da Uneafro”.
Para conseguir mais pessoas, o Núcleo segue buscando novos voluntários para realizar atendimentos psicológicos e terapêuticos. “Este ano, pretendemos oferecer mais cuidados voltados à saúde, com o objetivo de aproximar mais profissionais da medicina tradicional, além de manter também os cuidados complementares, trazendo a medicina chinesa para as atividades do Núcleo, assim como os cuidados ancestrais”, finalizou Juliana.
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