Essa segunda (24), marca o Dia Internacional da Educação. Em mensagem, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou como a pandemia de Covid-19 provocou o caos na educação em todo o mundo. “Cerca de 1,6 bilhões de estudantes de escolas e faculdades viram os seus estudos interrompidos no auge da crise que ainda não acabou”. O fechamento das escolas ainda atrapalha a vida de mais de 31 milhões de alunos. Se nada for feito, somente nos países em desenvolvimento, a proporção de crianças que abandonam a escola nos países em desenvolvimento, e que não sabem ler, pode aumentar de 53% para 70%.
Há 12 anos, a Uneafro Brasil luta para inserir cada vez mais alunos negros e periféricos no Ensino Superior. São muitos desafios enfrentados, mas sempre acreditando que a educação ajuda na construção de uma sociedade sem opressões. Aproximadamente 15 mil jovens que passaram pelo projeto ampliaram suas possibilidades de ingressar no ensino superior e no mercado de trabalho.
Além da Covid-19, a gestão do governo Bolsonaro tem provocado diversos retrocessos na educação. Segundo o portal Notícia Preta, conforme o decreto de n° 10.686, de abril de 2021, o Ministério da Educação (MEC) teve R$ 2,7 bilhões bloqueados, o equivalente a 30% do valor total destinado no ano passado, que corresponde a R$ 9,2 bilhões. De acordo com dados do Instituto Semesp, na 11ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, apenas 18,1% dos jovens de 18 a 24 anos estavam matriculados no ensino superior em 2021. A Unesco ainda destaca que aproximadamente 8 milhões de estudantes devem ter deixado a universidade no mundo durante a pandemia.
Políticas essenciais para o acesso de jovens ao Ensino Superior também foram reduzidas pelo Governo, como o número de bolsas do Programa Universidade Para Todos (Prouni), as vagas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e o Enem 2021 que, além de registrar o menor números de inscritos desde 2005, teve a edição mais branca e elitista dos últimos anos. Assim como o Fies, que oferece financiamento para alunos pagarem mensalidades, teve redução de vagas.
Além de todos esses desafios, soma-se ainda a crise financeira que fez jovens abandonarem os estudos para terem que ingressar no mercado de trabalho e ajudar a família. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), jovens de 14 e 29 anos, em sua maioria negros e periféricos, abandonam seus estudos devido a necessidade de trabalhar.
As atividades educacionais dos Núcleos físicos da Uneafro Brasil foram adiadas durante a pandemia, mas para que os alunes não ficassem sem estudar e aprender, foi criado o Núcleo Virtual. Trata-se de um espaço com acompanhamento pedagógico online para que estudantes do cursinho possam aprender em segurança. São mais de 20 professores voluntários que oferecem acompanhamento semanal aos alunos.
Os cursinhos comunitários de educação popular da Uneafro Brasil desempenham papel fundamental para dar apoio e suporte aos jovens estudantes ingressarem ou se manterem na universidade durante a pandemia. Além do incentivo à continuidade dos estudos, estudantes e familiares encontram outros tipos de assistência nos núcleos da Uneafro.
Como o movimento se expressa em seu lema: CONHECIMENTO É PODER.