Posicionamento Uneafro Brasil acerca da enquete lançada em 20 de junho pelo INEP, para prováveis datas de aplicação do Enem 2020 – Por GT ENEM.
Veja abaixo as datas disponibilizadas pela enquete do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Enem Impresso
6 e 13 de dezembro de 2020
10 e 17 de janeiro de 2021
2 e 9 de maio de 2021
Enem Digital
10 e 17 de janeiro de 2021
24 e 31 de janeiro de 2021
16 e 23 de maio de 2021
PROFESSORAS E PROFESSORES, COORDENADORAS E COORDENADORES:
Inicialmente, a data que mais representaria a realidade da massa estudantil do país, que em sua maioria é preta e pobre (partindo de um ponto de vista sanitário) seria a última opção da enquete, em maio de 2020.
No entanto, também reconhecemos que NENHUMA data nos representa de fato ou pode nos assegurar algum direito, tendo em vista que o resultado não tem poder de lei e que Bolsonaro e equipe podem modificá-la a qualquer momento. As opções de Dezembro e Janeiro representam um acréscimo ínfimo de tempo de estudo para quem já não teve um semestre inteiro. Ao mesmo tempo podem acelerar uma volta irresponsável das aulas presenciais em meio à pandemia. A realização no mês de maio só será possível se federais, estaduais e particulares ajustarem o início de seus semestres e as datas de suas provas. Sem contar que a distância no tempo pode levar a cansaço psicológico dos estudantes e arriscar o calendário da realização do ENEM 2021.
Dito isto, a Uneafro Brasil assume o posicionamemto de NÃO sinalizar nenhuma data como opção para voto. São muitas as instabilidades políticas e sociais que estamos enfrentando e acreditar que uma dessas opções acontecerá de fato pode gerar grande desgaste nos inscritos e inscritas para a prova.
Por final, tornamos pública nossa responsabilidade social, sendo esta apenas uma de nossas ações. Estamos reunidas e reunidos para articular novas estratégias de enfrentamento, e então levantar uma nova campanha, da qual seja compatível à realidade de nossas alunas e alunos: Uma comissão democrática com profissionais de saúde, da assistência social, educação pública e, principalmente, com cursinhos populares majoritariamente organizados a partir das diversas quebradas do país deve ser formada para determinar uma data que reduza os danos à nossa juventude preta e periférica.
ESTUDANTE FALA!
Ser estudante, hoje, é estar todo dia com possíveis ataques de ansiedade, tendo que dar mais que o máximo por algo que deveria ser mínimo, quando se é preto e periférico essas demandas triplicam. Por isso, colocar uma enquete mal feita e com datas ruins que em todas as possibilidades irão prejudicar os(as) alunos(as) é desumano, é querer que façamos o trabalho deles sem ao menos saber o porque de votarmos nas datas, como um desculpa de que estão sendo democráticos quando, na verdade, NÃO ESTÃO.
Sendo assim, a UNEafro Brasil se posiciona contra essa enquete tendo em vista que todas as datas são mal pensadas, não tem propostas e são colocadas à frente da saúde de toda uma população, até porque não se sabe quando essa pandemia vai acabar. Pensaremos uma nova data para podermos articular os novos dias do enem 2020, sendo essa nova definida após termos respostas ou projeções de quando essa pandemia irá passar.
Reiteramos que apesar dessa discussão, ainda temos uma problema maior que é essa desigualdade que vem da base onde os nossos alunos pobres, pretos e da periferia não tem acesso a uma educação basica de qualidade e que desnivela e muito na hora de executar essas provas, ou seja, já nos encontrávamos nessa falácia da meritocracia antes de tudo e agora, essa ideia distorcida só se intensifica com discursos de “estude de qualquer lugar”; “quem quer mesmo estuda até embaixo d’água” sendo que, como apontado, não podemos falar disso pois há uma discrepância enorme na qualidade de ensino dos alunos com mais acessos e que, consequentemente, conseguem mais vagas nas universidades para nossos alunos de cursinhos populares que precisam fazer o triplo e muitas vezes não conseguem a sua vaga.
Lutamos para que os nossos e as nossas entrem nas universidades e tenham subsídios para resistirem nesses espaços, e com essas propostas, isso está longe de acontecer.
Uneafro Brasil