Movimentos negros, grupos de familiares e mães das vítimas da violência policial e organizações da sociedade civil protocolaram em 20 de dezembro de 2024, junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), um documento que denuncia e responsabiliza o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, e o secretário da segurança pública, Guilherme Derrite, pelo recrudescimento da violência policial no estado.
Leia aqui a denúncia na íntegra.
Nas últimas semanas, São Paulo viveu uma onda de denúncias contra as violentas ações policiais ocorridas recentemente, como o caso do homem que foi arremessado de uma ponte na cidade de São Paulo por um policial militar; a execução do jovem Gabriel Renan por um PM em uma loja de conveniência na zona sul de São Paulo; o assassinato de Ryan da Silva Andrade de Silva, de 4 anos, e Gregory Vasconcelos, de 17 anos, em uma operação policial na baixada santista; o caso do menino Ryan Gabriel dos Santos, de apenas 10 anos, que foi atingido por disparos de arma de fogo durante uma abordagem policial na zona sul de São Paulo e tantos outras perdas de jovens negros e periféricos.
No início de dezembro, movimentos negros como UNEafro Brasil, MNU, Instituto de Referência Negra Peregum, Geledes – Instituto da Mulher Negra, Associação Amparar – Amigos e Familiares de presas e presos, Casa Sueli Carneiro, Inciativa Negra Por Uma Nova Política de Drogas, Rede de Proteção Contra o Genocidio, Sã Consciência, Copa da Inclusão, Coletivo Contra a Tortura, entre outras organizações, se reuniram e decidiram construir um espaço de ação unificada que visa fortalecer a resistência à violência policial no estado de São Paulo e a consequente responsabilização do governador e de seu secretário.
O documento pede também à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) o acompanhamento dos casos e recomendações oficiais ao estado brasileiro para agir pela diminuição da violência policial em todo país.
O texto que foi protocolado reúne mais de 80 assinaturas de diversos movimentos negros, organizações sociais, coletivos, grupos periféricos e de defesa dos direitos humanos. Os representantes dos movimentos foram recebidos numa audiência online por Ivan Marques, Secretário de Segurança Multidimensional da OEA.
“Essa ação marca o início de uma campanha permanente em São Paulo contra a política de Segurança Pública implementada pelo governador Tarcísio de Freitas e seu secretário, Guilherme Derrite. Entendemos que o recrudescimento é uma resposta imediata à militarização da administração pública e tem um como principal objetivo o derramamento de sangue nas periferias do estado, principalmente, como indicam todos os índices, do povo negro. Vamos trabalhar pelo impeachment do governador e exigimos uma imediata interrupção das mortes por policiais militares”, alerta Douglas Belchior da UNEafro Brasil.