O Circuladô de Oyá, organizado pelas Pretas da Uneafro fomenta uma rede de fortalecimento de mulheres negras no Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, por meio de formações sobre identidade de raça, classe e gênero para jovens estudantes.
Formado somente por mulheres pretas para promover espaços de produção e troca de conhecimentos entre jovens estudantes da Uneafro Brasil, o projeto Circuladô de Oyá, com apoio do Fundo Baobá e Instituto Coca-Cola, visa difundir informações sobre direitos humanos e questões de raça, classe e gênero, num momento em que esse tema é distorcido pelo contexto político do Brasil.
“Após 197 anos da histórica e contestável efetividade da Abolição da Escravatura, ocorrida em 13 de maio de 1988, as mulheres negras brasileiras ainda vivem em condições sociais que remontam a esse período da história no Brasil, com condições de trabalho, geração de renda e educação abaixo do que é considerado humano”, conta Vanessa Nascimento, membro da Uneafro, justificando que o projeto visa trazer para uma roda de conversa informações sobre como esse processo político está estruturado para atingir diretamente a mulher negra.
Engajados em aproximar a juventude preta e periférica do ensino superior com um senso crítico sobre o seu lugar de fala na história do Brasil, o projeto também conscientiza os meninos dos cursinhos e realiza, simultaneamente, o debate sobre a violência doméstica, machismo e homofobia. O Circuladô já passou pelos núcleos em Poá, Itaquaquecetuba, Cotia e São Paulo (Bela Vista) e continuará circulando pelos outros 27 núcleos de formação cidadã da Uneafro, que atendem mais de dois mil jovens por ano.
Confira os locais das formações no próximo sábado, dia 25 de maio:
MTSC Uneafro – das 14h às 17h – Rua Álvaro de Carvalho, 427, Bela Vista, São Paulo/SP
Marielle Franco – das 9h às 12h – Rua Passagem dos Cafezais,763, Montanhão – São Bernardo do Campo/SP
Tia Jura – das 14 às 17h – Rua Jurubatuba, 1610 – Centro – São Bernardo do Campo/SP
“Estamos atentas ao contexto de lutas históricas que já foram e ainda são travadas por homens e mulheres negras moradoras das periferias do estado de São Paulo e do Brasil, por isso, assumimos essa importante missão de contar o que os livros didáticos distribuídos nas escolas públicas não contam”, explica Vanessa.
Consciente das marcas da escravidão estar viva e presente no cotidiano das mulheres negras moradoras das periferias em diferentes faixas etárias, a Uneafro desenvolve debate este tema nos cursinhos desde a sua fundação em 2009.
“Nas religiões de matrizes africanas, Oyá ou Iansã, é o orixá dos ventos e tempestades que espalha a criação, fazendo voar as sementes, que irão germinar na terra e fazer brotar nova vida. E com o objetivo de espalhar as sementes do fortalecimento das mulheres, o Circuladô de Oyá visa criar uma rede de fortalecimento que emancipe as mulheres negras estudantes da Uneafro Brasil para a atuação política social nas comunidades e nas relações sociais e que torne possível a permanência dessas alunas nos cursinhos preparatórios e a continuidade de seus estudos.”, conclui Vanessa.