Não crucifiquem Marina. Marina não traiu nada. O grande erro da candidata do PV foi não ter enfrentado a Da. Dilma em previas dentro do PT. Isto proporcionaria a alavancagem das bases populares petistas pelo prevalecimento da vontade da maioria, contra a “democracia” do é Lula quem manda! A dona dos 20 milhões de votos teria prestado ali sim um grande serviço ao Brasil e a democracia das massas.Poderia, mesmo saindo, ter 30, 40 milhões de votos, e estar agora no segundo turno. Ter se acovardado, saindo do PT, deixou a ministra da casa civil nadando de braçada.
O segundo pecado da Marina foi filiar-se a um partido de direita. A partir daí, podia se esperar qualquer coisa, até apoio no Serra/PSDB/DEM, no segundo turno. Não há nisso nenhum anacronismo. O simbolismo de sua historia, de sua trajetória de lutas ganharam novos contornos ideológicos, se desconectando do passado de mulher simples, negra, pobre e de luta.
Marina agora, coerente com suas novas escolhas. Tem todo o direito de fazer o que quiser, como qualquer candidato que possua na algibeira o capital político de 20 milhões de voto. Não é responsável pelo que aconteceu ou o que acontecerá a Dilma e ao Lula. O erro foi deles, que sendo brancos, se entendam!
Pode apoiar um ou outro. Pode condicionar programaticamente o seu apoio. Pode abster-se. Quem decide agora é ela e seus  novos amigos, legitimamente.
A propósito, foi ela mesma quem disse que, nessas eleições, só haviam dois projetos: O dela e o do PT/PSDB (que eram a mesma coisa). Aqui, abro um parênteses para fazer um reparo. Não havia mesmo três projetos, nem dois como disse a presidenciável do PV, mas um e apenas um projeto (considerando os três contendores), pois, com exceção da pintura verde, diferente das cores azul e vermelha dos adversários, todos se empenhavam em ganhar as eleições, fazer alternância do poder e negociar a governabilidade.
De cheiro do povo, nenhum gosta. Projeto, programa, plataforma para o povo nenhum tinha. Nesta democracia que só garante ao povo o direito de votar. Do povo, todos queriam só o voto. Ser votado? Ao custo de 8, 10, 12 milhões uma candidatura de deputado, isto lá é assunto para a plebe?
Escrevi tudo isso, confesso ( o que penso), como aquecimento para o desfecho final. Vocês prestaram atenção nas comemorações dos candidatos vitoriosos, a governador, após ao anuncio dos resultados? Não? Todos, a começar pelo governador eleito do Paraná (o estado mais europeu da federação), passando por SP, pelo Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, e todos os outros.  Os governadores, todos brancões de primeira. Europeus diretos, repetindo a televisão, a propaganda e a ocupação dos bons espaços na economia e na sociedade brasileira.
Porém o que saltou os olhos foi a ausência de negros…mulatos…morenos vai, entre os que cercavam os governadores eleitos. Idem dos presidenciáveis que disputarão o 2º. Turno. Parece que em todos os casos, proibiram a aproximação de populares nos palanques. Ao redor do Cabral, havia 01 personagem, o segurança. Justiça seja feita a comemoração do governador eleito do RS, ali havia ao menos um ex-deputado e dirigente do PDT, além do senador Paim.
Não tem jeito, eles continuam preservando o melhor pra si e para os seus. Deve haver intelectual mercenário comemorando, afinal eles seguem sem misturar uma gota do seu sangue. Continuamos sufragando os nossos carrascos. Santa Marina, que o altíssimo nos perdoe por nossos erros.
Reginaldo Bispo
Membro do MNU-SP

 

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